Tenho escrito um pouco menos…

E me arriscado um pouco mais.

Assim mesmo, de um jeito muito parecido como que o meu “ídolo” já começou um texto seu. Isso porque hoje, 05/02/2015, essa frase parece fazer total sentido pra mim. É ótimo escrever, mas melhor ainda é ter o que escrever. Falando assim, parece até vindo de alguém com a vida totalmente corrida e feliz, o que parcialmente é verdade, sim. Eu decidi arriscar, digo, do alto dos meus 15 anos, o que eu tenho a perder? Digamos que, esse ano, a maior montanha-russa emocional já vista de perto por mim, me ensinou coisas que não aprenderia na escola. E era justamente nisso que eu estava interessada, tanto que, se não fosse pela bondade e maldade de alguns, eu teria perdido o ano no colégio. Eu não tenho muito do que me arrepender, consegui sair do grande inverno o qual havia me congelado durante meses e pude ter alguns momentos de felicidade. No começo, mal soube lidar, tanto que quase estraguei tudo. Mas hoje, posso afirmar: conheci meu grande talvez. E me sentei no primeiro lugar dessa montanha-russa. E não to arrependida. E eu que sempre gostei de desafios, não quero mais outro. Apenas que esses 30 segundos de passeio durem uma vida toda.

Uma ou duas horas. Três ou quatro ruas.

Eu só queria deixar registrado em algum lugar que agora eu desisti de vez. O que não quer dizer que eu vá cometer algo contra mim mesmo, mas sim que não cometerei nada a favor. 

As coisas têm ficado complicadas. Tragédias e tragédias em cima de mais tragédias. Eu só cansei de me procurar em baixo de toda essa montanha de tristezas e lamentações.

 Eu sei, talvez eu devesse procurar ajuda, eu só não sei onde. E não sei se essa ajuda eu devo procurar em algum lugar ou em um alguém. Eu não sei nem se ela existe, levando em conta o estado em que me encontro.

 Mas deixa, dá pra continuar de pé, dá até pra fingir que me importo, eu só não sei até quando e não sei até onde. 

 Eu preciso me abrir, já não aguento mais guardar tudo isso dentro de mim, mas também não confio em ninguém mais pra isso. Meus “amigos”? Eles estão ocupados… Minha família? Bom, pra eles, eu não tenho do que reclamar já que tenho uma casa, uma escola e uma boa alimentação. Mas eles não sabem e eu não os culpo. Não fazem ideia do que eu guardo aqui dentro.

 Eles, meus amigos e minha família, não sabem de todas as vezes que eu pensei em desistir, largar tudo e dar um fim a tanta tristeza. Não sabem que eu já não sei mais como me comportar durante os poucos segundos de alegria que tenho, ou pelo menos, que penso ter.

  Mas eu também não sei. Não sei o que fazer, não sei como fazer. Não sei nem mesmo quem de fato eu sou. De tanto me cobrir com o que eles queriam que eu fosse, eu me perdi. E não sei onde procurar, e também não sei se ainda existe. 

 

Sem escapatória

 Eu tenho enfrentado umas dificuldades ultimamente. O grande problema é: eu não sou igual. Ou pelo menos não estou igual. Eu lembro que eu costumava ser uma daquelas meninas da minha escola que todos amam, aquelas que hoje me olham de canto, eu era igual a elas até começar a achar que se eu me isolasse, evitaria maiores problemas. Eu estava cansada daquele mundo, mas não soube escapar dele pelo caminho certo.

 Eu não sei lidar com essa solidão que hoje toma conta de mim. Chego a tentar me socializar, mas não consigo. Continuo a cada dia que se passa diminuindo o tamanho dessa cela em que eu mesma me prendi. Um ou outro aparece pra fazer visitas, a gente se diverte e então… puft! Eu os expulso, mesmo que sem querer. 

 Mas porquê? Por que não sei mais como me aproximar dos outros? Isso costumava ser fácil, então, por quê? Por que deixou de ser? 

 Já nem procuro mais soluções, já nem procuro mais respostas. Sigo existindo dessa maneira, criando ilusões pra ter o que pensar, pra achar que um dia eu vivi.

 

 

Sabe quando tem uma pessoa que te irrita extremamente e que você odeia? Você simplesmente se livra dela, e aí, problema resolvido. Mas, o quê fazer quando essa pessoa que você odeia, que te irrita, que te dá nojo, é você mesmo?
 

A gente chora, sem nem saber o porquê…

Fazia dias que eu não chorava, durante semanas eu procurei manter a aparência de forte, mas ontem, por um motivo tão banal, foi impossível segurar a primeira lágrima. Eu lembrei de um dia que gritei com a minha mãe e ela começou a chorar, e não me pergunte porquê, mas na hora não doeu nenhum pouquinho. Só foi doer ontem, quase um mês depois. Tive a infelicidade de estar ouvindo Fresno na hora e a lágrima começou a escorrer devagarinho, e eu praticamente nem senti. Mas aí eu comecei a me perguntar porquê estava chorando e isso me levou a lembranças de todas as vezes em que eu devia ter me permitido chorar, e não permiti. Eu comecei a chorar por todos esses motivos e eu simplesmente não achei motivo nenhum pra parar de chorar. Nem sequer cheguei a procurar, por saber que nada encontraria. Quase duas horas de choro e eu mal tinha estrutura pra levantar, então eu deixei o choro me levar. Sempre me disseram que a dor escorre pelos olhos quando a gente chora, e foi isso que eu fiz mesmo sabendo que não resolveria nada. Nunca resolve mesmo.

Mais que ler, ser.

   E de repente, nós não nos conhecemos mais. Vivemos por ai batendo no peito dizendo que nunca seriamos como nossos pais, e quando crescemos, nos tornamos exatamente o que nunca quisemos ser.

 O homem é o ser mais contraditório que existe, e somos assim por saber pouco e por viver pouco. A falta de personalidade vem dai, da falta de conhecimento. Me desculpem ignorantes, mas não saber, é não ser.

 E quem quer aprender, aprende. O conhecimento anda exposto por ai, a cada rosto que passa por nós, é uma vida, é um livro cheio de conhecimentos mesmo que poucos usados. Somos um livro, mesmo sem estar em prateleiras que anunciam nossas histórias, mesmo que sem sinopse. Somos um livro que quando pego para ser lido, custa a ser fechado.

 Nos tornamos livros ambulantes com o passar do tempo, quanto mais largados na estante acumulando poeira, menos histórias temos pra oferecer, logo, seremos menos interessantes.

 Se você lê muito, não digo livros e sim pessoas, com o tempo também será lido e compreendido. Somos livros, seja de romance, suspense ou até comédia. Somos livros, que se renovam sozinhos, e, a cada ano, temos 365 novas páginas para serem preenchidas.

Atenção: livro guardado na estante nunca tem história nova pra contar.

Razão pela qual escrevo.

  Todas essas palavras e esses sentimentos presos em meu peito, precisam ser libertados. Eles gritam, quase me estourando os tímpanos, e eis que eu olho, mesmo que míope, para dentro de mim mesma e não me agrado com a paisagem vista. 

 Palavras que eu sempre quis dizer e nunca disse que agora me sufocam, quase me deixando sem ar. A sensação de afogamento dentro do próprio corpo, não é nada legal.

 É por essa razão que aqui escrevo, para cuspir, borrifar, e me livrar do peso que essas palavras tem. 

 É isso. Volte sempre.